Então se foi o meu primeiro semestre de estágio em uma escola pública (estadual). Assisti aulas de alunos de oitava série. Vi como professor sofre e como aquele bordão dum personagem do Chico Anísio é verídico. Foi uma experiência interessante.
Nos meus últimos dias de estágio, o professor (só pra lembrar: eu assisti apenas aulas de matemática) foi entregar as provas de uma das salas. Dezesseis alunos haviam tirado zero. Poucos tiraram uma boa nota. Se fosse nos meus tempos de oitava série, aquilo seria mais assustador do que um filme do Shaquille O’Neal (alguém já assistiu Kazaam?). Naquela época (não tão distante assim) zero era sinal de vergonha. Mas os alunos que bombaram na tal prova não demonstraram grande preocupação, como se aquilo fosse corriqueiro.
Posso estar ficando um velho rabugento (mesmo não tendo nem vinte anos), mas foi assim que eu vi as coisas. Pra completar a última semana, alguns dias depois da reunião de pais e mestres, o professor do qual eu assisto aulas me disse que a mãe de um aluno, no dia da reunião, acusou-o de ensinar coisas erradas para seu filho: ela apontava para uma conta no caderno dele que era 0,52 : 0,4 = 1,3. Ele, que é formado há um bom tempo e é um professor conceituadíssimo, explicou pra ela algumas vezes, mas ela insistiu que não, e que iria procurar na internet. Isso é sintoma de quem assiste muita novela e Big Brother.
No último dia de estágio o professor iria entrar em um assunto que não me lembro, mas exigia um conhecimento prévio de produtos notáveis dos alunos, e como de costume, o professor precisou fazer uma revisão do assunto. Alguns alunos vieram tirar algumas dúvidas comigo, e o que pude perceber é que a maioria esmagadora não tinha uma base mínima para com a matéria. Uma pena.
No semestre que vem eu ainda preciso assistir algumas aulas do ensino médio. Quem sabe não rola uma continuação desse diário.
CÂMBIO E DESLIGO.
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