Quase dez anos atrás (ou um pouco mais do que isso), minha tia Ana, meu irmão e eu rodamos as ruas de Paraibuna atrás de um mercadinho aberto para comprarmos algo para comer no natal. Não comemoramos o natal, mas aproveitamos o feriado.
Naquele dia, após muito andar, encontramos apenas o mercadinho da Gracita aberto. A única coisa que encontramos foram algumas pizzas congeladas. No caixa, a atendente mandou um "Mas pizza no natal?". Retribui com um "Eu sou judeu.", enquanto segurava uma pizza congelada de calabresa.
Quando voltamos para a casa da Vovó Pedrina, rimos do ocorrido. "O natal é nosso, comemos o que nós queremos.", brincava a Vovó, já transformando tudo em causo.
E aquele foi o natal mais marcante da minha vida. Não tínhamos árvore de natal, não tínhamos chester, nem peru. Mas tínhamos as pizzas congeladas, café quentinho e as risadas ao redor da mesa. E a Vovó, também tínhamos a vovó.
E as pizzas? Ruins pra caramba. Mas não pior do que a saudade da Vovó.
É por isso que todo natal me dá vontade de comer pizza congelada. E de chorar, lembrando daquele dia. E da Vovó.